Pôr-do-sol

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Lá vou eu, em mais um final de tarde atraente, atrás do por-do-sol, receber suas cores na minha mente. Cidade de Videira - SC

quinta-feira, 10 de junho de 2010

QUEM TEM MEDO DA IRMÃ MORTE?



QUEM TEM MEDO DA IRMÃ MORTE?

Para um fato, o nascimento natural é sua morte. Ele tem a perder a proteção, o alimento, o calor, tudo que o sustenta e está à sua volta. Provavelmente não desejaria sair e alguns, já em sofrimento, têm que ser arrancados do ventre da mãe, como muitos de nós somos arrancados deste mundo. Ele perde tudo isso e, com nossas palavras, “morre” como feto, mas ganha outra vida, agora como criança. Vida essa de outros tantos prazeres, de outros tantos carinhos e amores, sabores, e cores. Imagina-se passar pela vida sem sentir o amor dos pais, o amor pelos filhos, os prazeres da vida, a risada bem dada, o doce gostoso, o cheiro de algo na memória da infância, o perfume da avó, a história do avô, a brisa boa, o sol quente, a paisagem linda, a cama que nos nina. Tudo isso sópôde ser sentido por quem, como feto, morreu. Aí chega o momento da despedida dessa vida e, como os fetos, nos agarramos às nossas seguranças e não desejamos conhecer uma nova vida. Deus estaria planejando para nós um tempo de amargura, de dor e de aflição ou ganharemos uma vida ainda melhor, de maior plenitude, impensável para nossas mentes limitadas?

Por que insistirmos em ficar aqui, nesta vida, e não admitir o fato natural de morrer? Prolongamos o sofrimento de nossos doentes terminais sem admitir que Deus pode ter planos maiores e melhores, onde a dor sentida cessará e que o amor possa ser ainda maior.

Lógico que a esperança de um dia de plena cura do nosso ente querido nos faz pedir pelo melhor remédio e isso é normal na humanidade. Não devemos, no entanto, temer a morte e questionar a Deus quando ela se aproxima. São Francisco de Assis a chamava de irmã Morte e cantou a ela quando sentiu que se aproximava. Admita-se como criatura e aceite que não temos maturidade e conhecimento para entender o sentido da vida. Tente esquecer um pouco as perguntas porque as respostas não nos cabe conhecer, viva o que está aí para ser vivido, Fale com sinceridade do amor que sente para os que ainda estão conosco e tenha certeza que a vida é curta e a morte é certa.

Tente, muito, aproveitar a vida, amar seus queridos, dizer e sentir isso perto deles, para que, no fim de sua vida, você perceba que, ainda sem entender o sentido da vida, viveu feliz. É uma opção de vida, é educar o olhar para enxergar as coisas boas, é ter fé que a vida será, depois da morte, ainda melhor e que seu amor permanecerá no peito daqueles que lhe cruzaram a vida.

O amor fica, o amor é eterno e o amor se encontrará novamente, em algum lugar que não conseguimos pensar.

Arnaldo Lyrio, OFS (RJ)

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